2007.03.17 - IV Encontro Cultural da Ilha das Flores

IV Encontro Cultural da Ilha das Flores
“Histórias das nossas gentes – florentinos que se distinguiram"
28 de Abril - 15 horas - ‘Sala dos Panos’ da Biblioteca Pública de Ponta Delgada

PROGRAMA

15:00 horas – Sessão de abertura
15:15 horas – “O Padre José António Camões e outros florentinos que se distinguiram” - Intervenção proferida por José Arlindo Armas Trigueiro (florentino, investigador e escritor) e apresentação do livro ”Obras do Padre José António Camões”
15:45 horas – “A Ilha de Roberto de Mesquita: a Poesia e o Universo” - Intervenção proferida pela Professora Doutora Maria do Céu Fraga Amaral (descendente de florentinos e docente no Departamento de Línguas e Literaturas Modernas da Universidade nos Açores)
16.15 horas - Debate moderado pelo jornalista da RTP-Açores, Dr. Herberto Gomes
16:45 horas – Projecção multimédia ‘Volta à ilha das Flores’ de Samuel Pinheiro
17:15 horas – Sessão de Encerramento



A Associação Amigos da Ilha das Flores promoveu o seu IV Encontro Cultural, este ano subordinado à temática: “Histórias das nossas gentes – florentinos que se distinguiram” e com a presença de dois oradores convidados: José Arlindo Trigueiro e Maria do Céu Fraga.
O investigador e escritor florentino José Arlindo Trigueiro começou por apresentar o seu livro ‘Obras do Padre Camões’ e falou deste, do seu percurso de vida e da sua obra, bem como de outros florentinos que se distinguiram.
Relativamente ao Padre José António Camões, recordou que a sua grande vocação era o ensino e o gosto por partilhar com os outros o seu saber, falando ainda da sua passagem pelas Flores e Corvo, dele ter ido preso para Angra e de ter falecido pobre e abandonado com apenas 49 anos de idade.
Já sobre outros florentinos que se distinguiram e que escolheu para a sua intervenção, despertaram grande interesse e curiosidade por parte da assistência ao saberem das suas vidas e feitos, por muitos ainda desconhecidos. Foi o caso de:
- Cristiano Júnior: fotógrafo, empresário e vinhateiro, foi também autor de scrimshaw. Nasceu em Santa Cruz em 1832 e emigrou para o Brasil em 1855. Foi um dos grandes implementadores mundiais da fotografia paisagística, chegando mesmo a receber uma medalha de ouro num concurso de fotografia em Córdova. Faleceu em 1902 no Paraguai;
- James McKee: nasceu na Escócia em 1790 e morreu nas Flores em 1874, tendo feito o curso de Medicina em Edinburgo, foi tenente na Marinha Real e terá sido o primeiro médico nas Flores;
- James McKee fllho: nasceu em 1832, provavelmente em Santa Cruz, foi vice cônsul de Inglaterra e agente consular dos EUA nas Flores. Esteve presente nos grandes acidentes de barcos que naquela altura ocorreram nas Flores, como por exemplo o Slavonia em 1909.

Roberto de Mesquita e as ‘almas cativas’

A segunda oradora convidada foi Maria do Céu Fraga, que é descendente de florentinos e docente no Departamento de Línguas da Universidade dos Açores, em cuja intervenção abordou a temática “A Ilha de Roberto de Mesquita: a Poesia e o Universo”.
Uma autêntica aula de sapiência com direito a declamações de poemas e passagens várias, intercaladas com uma intervenção que teve tanto de emotiva como de esclarecedora para todos os presentes que ficaram a saber um pouco mais sobre este grande poeta florentino.
Contou que “olhar para as almas” era o que nas Flores se podia fazer e que foi isso que Roberto Mesquita fez, “lendo os sentimentos da natureza e estabelecendo uma relação afectiva e religiosa com as coisas familiares”, pelo que não se poderá pensar que ele se fechou na sua ilha e isolado da cultura do seu tempo.
Nasceu em 1871 e faleceu em 1923, foi escriturário e além das Flores também viveu no Corvo e no Pico. O seu primeiro livro não chegou a sair, colaborou no entanto com jornais e revistas e tinha influências de Antero de Quental e também de Cesário Verde, no entanto na altura não atraiu muito a crítica.
Foi em 1931, oito anos depois do seu falecimento, que foi publicada a sua obra póstuma e em 1989 foi publicada uma nova edição da autoria de Pedro Silveira.
Maria do Céu Fraga acrescentou ainda que a insularidade pesava nos poemas de Roberto Mesquita e que este viveu na época certa conciliando as correntes do seu tempo mais a sua sensibilidade pessoal, “fazendo falar a alma cativa das coisas”, já que …”tanto na ilha como no universo todos são habitados por almas cativas”.
A apresentação dos oradores e a moderação do debate esteve a cargo do jornalista da RTP-Açores, Herberto Gomes, que em tempos idos foi professor nas Flores e que também aproveitou para recordar outros tempos.
Na sessão de abertura, o presidente da direcção, Jacinto Avelar agradeceu a todos os presentes a sua participação em mais esta actividade da AAIF, enquanto que o presidente da Assembleia Geral. José Cabral Vieira, recordou o nascimento e crescimento da AAIF desde a sua criação em 2003, sublinhando as obras de melhoramento que têm vindo a ser realizadas na sede e o apoio social que tem sido dado a doentes carenciados que das Flores se deslocam a São Miguel por motivos de doença.
A terminar o encontro, a assistência foi presenteada com uma projecção multimédia à qual foi dado o nome de ‘Volta à ilha das Flores’, produzida e oferecida à AAIF por Samuel Pinheiro, filho de Adão Pinheiro, fotógrafo florentino já falecido.

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