2005.04.16 – II Encontro Cultural da Ilha das Flores

II Encontro Cultural da Ilha das Flores
‘Flores, entender o passado, construir o futuro’
16 de Abril - 15 horas - Auditório da Biblioteca Pública de Ponta Delgada

PROGRAMA

15H00 - PROJECÇÃO DE UM FILME sobre a ilha das Flores
SESSÃO DE ABERTURA
15H30 - PALESTRA "Flores: Entender o passado, construir o futuro" Moderador – Pedro Moreira, jornalista da RTP-Açores
1º PAINEL – “Perspectiva histórica da ilha das Flores: 5 séculos de existência ou de esquecimento a Ocidente?” Oradores convidados: - Francisco António Pimentel Gomes (Jornalista/historiador/escritor) - José Pacheco de Almeida (Analista e ex-governante)
16H30 - COFFEE-BREAK
16H45 - 2º PAINEL – “As Regiões Ultraperiféricas e a dupla ultraperificidade das Flores. Que futuro para esta ilha?” Oradores convidados: - Dr José Matias (Director Regional dos Assuntos Europeus) - Dr. Gualter Furtado (Economista )
18H00 – ASSINATURA DO PROTOCOLO de cooperação entre a AAIF e as Câmaras Municipais de Santa Cruz e Lajes das Flores
18H30 – SESSÃO DE ENCERRAMENTO




CONCLUSÕES: FLORES NÃO PODEM FICAR ESQUECIDAS NA ULTRAPERIFERIA


A dupla ultraperifericidade das Flores e do Corvo foi um dos temas fortes do II Encontro Cultural da Ilha das Flores que decorreu no auditório da Biblioteca Pública de Ponta Delgada (São Miguel) e que foi promovido pela associação Amigos da ilha das Flores.
Na ocasião foram deixadas algumas sugestões e ideias para minimizar esse e outros problemas. Os oradores convidados reconhecem grandes potencialidades nesta ilha, para que a mesma possa acompanhar o desenvolvimento a que se assiste na Região e em outras ilhas. Necessários são estudos, parcerias e uma abordagem integrada, numa altura que é de mudança na Região e onde o turismo começa a ter uma importância crescente.
Consideram pois que não se pode nem se deve deixar que a dupla ultraperiferia das Flores dentro da própria ultraperiferia da Região seja um entrave ao seu desenvolvimento.
“Perspectiva histórica da ilha das Flores: 5 séculos de existência ou de esquecimento a Ocidente?” foi o primeiro painel da palestra "Flores: Entender o passado, construir o futuro", cuja moderação esteve a cargo do jornalista da RTP-Açores, Pedro Moreira.
O jornalista, escritor e investigador florentino Francisco Pimentel Gomes começou por fazer uma retrospectiva histórica da ilha das Flores, falando da sua descoberta e povoamento. Realçou ainda diversos episódios e marcos históricos, além de outras iniciativas e empreendimentos que foram sendo feitos nesta ilha (cabo submarino), bem como outros que foram pensados e projectados mas que não chegaram a concretizar-se, como foi o caso de um porto acostável no século XIX.
Seguiu-se o analista e ex-governante José Pacheco de Almeida que falou de outros tempos e contou histórias relacionadas com as Flores (de onde é natural a sua mulher), Corvo e Faial (sua terra natal), sublinhando que há algumas zonas em São Miguel que têm os mesmos problemas ou situações piores que aquelas duas ilhas do Grupo Ocidental.
Recordou ainda a Autonomia e disse que o processo autonómico em muito veio ajudar as ilhas mais pequenas, afirmando ainda que “muito do que somos hoje, somos porque soubemos tomar atitudes sábias” e que “muito do que hoje somos se fica também a dever ao que as ilhas pequenas conseguiram”.
Já o 2º painel deste Encontro Cultural teve como tema: “As Regiões Ultraperiféricas e a dupla ultra perificidade das Flores. Que futuro para esta ilha?”.
Na sua intervenção, o director regional dos Assuntos Europeus começou por dizer que “ser uma ilha pequena numa Região Ultraperiférica (RUP) não é impossível mas é difícil”, apelando assim a uma análise mais concreta da questão e a uma tomada de consciência dos problemas, com uma atitude pró-activa e empenhada.
José Matias explicou o que são RUP e as suas características, realçando as vulnerabilidades e as economias sensíveis dos nove mercados que são as nove ilhas açorianas.
No caso das Flores, disse que pela sua pequena dimensão e pela sua grande distância, os problemas da Região se agravam ainda mais a Ocidente, onde os comportamentos demográficos são também uma realidade a ter em conta.
Porém, considera que o crescimento desta e de outras ilhas mais pequenas poderá ser difícil mas não é impossível, o que é preciso, diz, são recursos e que estes têm que ser bem utilizados, arranjando bons projectos nesse sentido, já que o facto de ser RUP não pode servir de desculpa.
Falando dos Açores enquanto RUP e enquanto Região Objectivo I, disse que iam continuar a dispor do apoio necessário até 2013 mas que depois este quadro poderá mudar de figura, pelo que nos próximos anos é preciso aproveitar ao máximo os recursos e continuar a convergir.

FIXAR A POPULAÇÃO NAS FLORES

O segundo orador deste painel foi o economista Gualter Furtado, que considerou que o maior problema que hoje se coloca é um problema demográfico e de dimensão demográfica, já que no espaço de um século a ilha das Flores perdeu metade da sua população.
Focou também os aspectos económicos da ilha, falando do tecido empresarial da mesma (25 empresas tributadas), da perda de peso da agricultura, da pouca evolução dos lacticínios e ainda da pouca melhoria das pescas.
No seu entender, “não conseguem fixar a população sem recursos humanos e sem população não há desenvolvimento”, por isso considera que “é preciso criar condições para que as pessoas possam viver lá com alguma dignidade”.
Este é sem dúvida o maior dramatismo da ilha das Flores, disse, sublinhando a sua dimensão geográfica, o seu afastamento e até os problemas de clima que agravam ainda mais as acessibilidades a Ocidente.
Apesar disso, acha que o Turismo é uma boa aposta e que o caminho poderá ser esse, defendendo a qualidade do mesmo. O mesmo se aplica às ilhas mais pequenas que são as que têm mais dificuldades e onde é necessária uma abordagem sistémica e integrada, porque até à data a mudança que se tem verificado na Região diz respeito às ilhas maiores.
Desafiou os presentes e demais pessoas a um olhar atento, a fazer um estudo e uma abordagem técnica, científica e prática, para saber dos constrangimentos e handicaps realmente existentes.
Apelou às pessoas para serem mais exigentes e apostarem na qualidade, porque “a ilha das Flores não pode ficar à margem do desenvolvimento”, podendo até recorrer a parcerias porque “partilha é negócio” e porque também é preciso saber ser humilde.
Tudo isto porque “as Flores têm um grande potencial para poder acompanhar o desenvolvimento das outras ilhas e para não ficar à margem da aldeia global em que o mundo se transformou com um encurtar de distâncias, sem contudo matar a “galinha dos ovos de ouro”.
A sessão de abertura e encerramento do Encontro, contou com a presença de José Matias, Director Regional dos Assuntos Europeus, em representação do presidente do Governo Regional, bem como do vereador José Medeiros, em representação da presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Presente esteve também o vereador da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, Rui Nóia, uma vez que nesse dia foi também assinado o protocolo de cooperação com a Associação Amigos da Ilha das Flores. A câmara das Lajes não esteve presente, devido a um imprevisto de última hora, porém o protocolo com esta autarquia será posteriormente assinado.
A partir de agora, os florentinos mais carenciados que a São Miguel se desloquem por motivos de saúde poderão ficar alojados na sede social da AAIF sita à Rua do Peru, em Ponta Delgada.

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