“Escutai ó nobre gente, escutai e ouvireis, que da parte do Oriente são chegados os três Reis”: este era o refrão da Ronda ou Roda dos Reis que a AAIF organizou em São Miguel percorrendo a cidade de Ponta Delgada e cantando à porta das casas de alguns dos seus associados na noite de Reis.
Ao todo cerca de três dezenas de pessoas formaram esta Ronda/Roda e até de madrugada foram cantando e tocando de porta em porta, juntando as suas vozes ao harmonioso som de violas, bandolim, harmónica, violino e ferrinhos, para desejar os bons anos aos donos das casas.
Numa primeira parte, cantaram-se algumas quadras fora da porta até aos donos da casa abrirem a porta e convidá-los a entrar, depois as quadras e a cantoria continuaram dentro de casa, seguindo-se os comes e bebes para aquecer e afinar as vozes, e por último o agradecimento aos anfitriões: “Ficai-vos na paz de Deus, Que nós vamo-nos também, Adeus senhores e senhoras, Até para o ano que vem”.
Uma iniciativa da AAIF que se realizou pela primeira vez e que registou uma forte adesão entre novos e velhos, sendo muito bem acolhida por todos os seus associados bem como por todos os anfitriões que em sua casa receberam a Ronda.
Espera-se pois que esta actividade da AAIF tenha continuidade e se volte a repetir no próximo ano, contribuindo assim para manter viva esta tradição e também para fortalecer os laços entre florentinos, descendentes, amigos e simpatizantes que residem em São Miguel e que nesta noite se uniram nesta acção solidária.
A tradição dos Reis ainda se mantém na ilha das Flores e constitui uma manifestação cultural que acontece um pouco por todo o arquipélago, assumindo diferentes características consoante as ilhas.
Antigamente percorriam-se as casas a pé e sem aviso prévio, já que o factor surpresa fazia parte desta noite de folia, cantando e tocando pelas casas da freguesia sem avisar as pessoas, comendo figos e bebendo um copo para aquecer e afinar as vozes.
Hoje, sobretudo nos meios maiores, torna-se praticamente impossível andar a pé, mas o que importa mesmo é dar continuidade a esta tradição e que nas mesmas se envolvam pessoas de todas as idades, para que a mesma não morra nem caia no esquecimento.
Segundo consta, estas rondas existirão desde sempre e serão uma espécie das ‘Janeiras’ que se realizam em Portugal continental.
Reza a história que os ranchos ou rondas de reis também estarão associados às tradicionais Matanças de porco e que remontarão aos finais do século XVIII.
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